Estudo estabelece modelo animal para futuras pesquisas sobre o vírus
Por Márcio Derbli, repórter colaborador SBI/NcgCE
Um estudo publicado na Nature, em maio, conseguiu relacionar o Zika vírus com microcefalia em camundongos e in vitro (utilizando neuroesferas e minicérebros cultivados em laboratório). A pesquisa foi co-coordenada por Jean Pierre Peron, professor do departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP). A pesquisa também apontou diferenças entre a variedade do vírus que circula no Brasil (ZIKVBR) e a versão africana, identificando que a nacional é muito mais agressiva.
Em uma das partes do estudo, realizada no laboratório de Peron, fêmeas prenhes de camundongos de duas linhagens distintas foram infectadas pela cepa brasileira do vírus. Uma das linhagens dos animais (C57BL/6) tem um perfil de resposta viral mais robusto – principalmente pela produção de interferons do tipo 1, importantes para restringir a replicação viral. A outra linhagem utilizada (SLJ) tem um perfil pouco capaz de produzir estas citocinas. Os filhotes desta última linhagem apresentaram danos cerebrais (semelhantes aos constatados em bebês) e tamanho menor, comparados aos filhotes da outra linhagem.
“Como estes interferons são importantes para conter o vírus, e são resultado da genética do hospedeiro, dá para especular se é possível que algumas mulheres tenham uma resposta de interferon mais robusta, por isso elas são resistentes. Algumas mulheres têm contato com o vírus na gravidez, mas os bebês não têm microcefalia. De qualquer maneira, tem muita coisa para ser refinada ainda”, pondera o pesquisador.
Nos exames realizados nos cérebros dos filhotes a equipe encontrou alta concentração do vírus nas células neuronais e, em menor quantidade, no fígado e no baço. “O vírus tem predileção por células tronco, principalmente as neuronais, mas não são as únicas que ele é capaz de infectar”, explica Peron.
Avaliando 96 genes de vias de morte celular, os pesquisadores encontraram alta expressão de genes relacionados com apoptose e autofagia no sistema nervoso dos filhotes, indicando que o ZIKVBR consegue induzir morte celular por essas vias.
Em outra frente do estudo, realizado na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP (FMVZ) pela equipe da Profa. Patrícia Baleeiro Beltrão Braga, nanoesferas e minicérebros, criados a partir de células tronco adultas quimicamente reprogramadas para se tornarem progenitores neurais, foram infectados pelas duas cepas do vírus, a brasileira e a africana. Os resultados mostraram que as neuroesferas foram deformadas pelo ZIKVBR e os minicérebros apresentaram redução nas camadas correspondentes ao que seria o córtex. “Isso mostra que no cérebro em formação, as células precursoras neuronais são infectáveis pelo vírus. Ele gosta de chegar até elas e usá-las como fonte de replicação. O desdobramento disso é que tudo depender dessas células estará comprometido”, comenta Peron.
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