Uma pesquisa coordenada pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) identificou pela primeira vez que o inflamassoma - um mecanismo imunológico - pode participar da ativação do processo inflamatório que pode levar à falência de órgãos e até à morte pacientes com Covid-19. O estudo, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foi publicado nesta terça-feira (24/11) no Journal of Experimental Medicine, um dos mais importantes periódicos médicos científicos do mundo.
Segundo o líder do estudo, Dario Zamboni - professor da FMRP-USP e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) - esta descoberta pode ajudar os médicos a identificar precocemente pacientes de alto risco e ainda ampliar as possibilidades de tratamentos para a Covid-19, pois já existem drogas eficazes que inibem a ativação dos inflamassomas.
Quando os inflamassomas são ativados, eles levam o organismo a um processo inflamatório e que pode controlar algumas infecções. Contudo, se este processo for muito sério e sem controle, ele pode resultar em uma resposta imunológica intensificada, causar danos aos tecidos e até piorar o quadro clínico em algumas doenças. Segundo o pesquisador, os pacientes com Covid-19 que procuram atendimento hospitalar, apresentam este quadro nos casos moderados e graves da infecção.
A partir dos testes realizados com amostras clínicas de 124 pacientes internados no Hospital de Clínicas da FMRP-USP - entre os meses de abril e julho, que apresentavam casos moderados e graves de Covid-19 - a pesquisa demonstrou que o grau de ativação dos inflamassomos pode estar associado ao desfecho clínico dos pacientes. “Os nossos resultados sugerem que o inflamassoma tem um papel bastante relevante na fisiopatologia dos casos mais graves de Covid-19, indicando que essa plataforma pode contribuir como possível marcador de gravidade e um potencial alvo terapêutico para a doença”, afirma Zamboni.
A pesquisa pode ser consultada neste link: https://bit.ly/33blnWI
Autores do estudo: Tamara S. Rodrigues, Keyla S.G. de Sá, Adriene Y. Ishimoto, Amanda Becerra, Samuel Oliveira, Leticia Almeida, Augusto V. Gonçalves, Debora B. Perucello, Warrison A. Andrade, Ricardo Castro, Flavio P. Veras, Juliana E. Toller-Kawahisa, Daniele C. Nascimento, Mikhael H.F. de Lima, Camila M.S. Silva, Diego B. Caetite, Ronaldo B. Martins, Italo A. Castro, Marjorie C. Pontelli, Fabio C. de Barros, Natália B. do Amaral, Marcela C. Giannini, Letícia P. Bonjorno, Maria Isabel F. Lopes, Rodrigo C. Santana, Fernando C. Vilar, Maria Auxiliadora-Martins, Rodrigo Luppino-Assad, Sergio C.L. de Almeida, Fabiola R. de Oliveira, Sabrina S. Batah, Li Siyuan, Maira N. Benatti, Thiago M. Cunha, José C. Alves-Filho, Fernando Q. Cunha, Larissa D. Cunha, Fabiani G. Frantz, Tiana Kohlsdorf, Alexandre T. Fabro, Eurico Arruda, Renê D.R. de Oliveira, Paulo Louzada-Junior, Dario S. Zamboni.
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