Lis Antonelli
Laboratório de Biologia e Imunologia de Doenças Infecciosas e Parasitárias, Instituto René Rachou (FIOCRUZ-Minas)
A Doença de Chagas é causada por um parasita chamado Trypanosoma cruzi. A maioria das pessoas infectadas não apresenta sintomas, mas cerca de 30% desenvolvem problemas cardíacos graves. Embora o primeiro relato de uma pessoa acometida pela doença tenha ocorrido há mais de 100 anos, os avanços no nosso conhecimento vêm se intensificando nas últimas décadas. As pesquisas conduzidas por Carlos Chagas identificaram o causador da doença, o Trypanosoma cruzi, além de sua forma de transmissão e o seu ciclo de vida.
Nossa compreensão sobre a Doença de Chagas tem evoluído à medida que a tecnologia avança. Hoje sabemos que o sistema imunológico contribui substancialmente para a eliminação do parasita, mas também que a inflamação decorrente dessa resposta pode causar danos ao organismo. Muitas das descobertas nesse campo são fruto do trabalho de pesquisadores brasileiros.
O nosso grupo, o Laboratório de Biologia e Imunologia de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Fiocruz-Minas, estuda o papel dos linfócitos na cardiomiopatia crônica da Doença de Chagas. Nosso objetivo, além de compreender melhor os mecanismos da doença e formas de intervenção, é identificar elementos do sistema imune que se comportam de maneira diferente em pacientes com distintas formas clínicas, visando ao desenvolvimento de ferramentas de apoio ao diagnóstico.
Recentemente, adicionamos mais uma peça a esse complexo quebra-cabeça. Avaliamos as alterações nas populações de linfócitos T auxiliares e linfócitos B em pacientes com Doença de Chagas. Os participantes foram divididos em grupos: sem sintomas, com sintomas moderados e com sintomas graves.
Descobrimos que certos tipos de linfócitos T estão aumentados em todos os pacientes com cardiopatia chagásica. No entanto, os pacientes com sintomas cardíacos moderados apresentaram mais células de memória e linfócitos T auxiliares foliculares - aqueles especializados em ajudar os linfócitos B a amadurecerem e produzirem anticorpos - do que indivíduos saudáveis e pacientes assintomáticos. Análises mais detalhadas revelaram uma subpopulação específica de linfócitos T mais ativa, mas com características de exaustão, também nos pacientes com sintomas moderados, mas não nos casos graves. Já pacientes com sintomas moderados e graves apresentaram menor quantidade de células T ativas, sugerindo um estado de repouso.
Não observamos grandes alterações na maioria das populações de linfócitos B, mas houve um aumento importante naqueles conhecidos como características de memória ativada em todos os grupos, especialmente nos pacientes com sintomas moderados.
Nossos achados indicam que a infecção por Trypanosoma cruzi provoca mudanças tanto nos linfócitos T auxiliares quanto nos linfócitos B, alterações que, surpreendentemente, foram mais evidentes nos pacientes com sintomas moderados. Nossa hipótese é que a resposta imune dos pacientes com doença cardíaca moderada é mais eficiente, e que isso resulta (ou é resultante) em uma comunicação mais eficaz entre linfócitos T e B, o que pode contribuir para evitar a progressão da doença.Visão geral dos compartimentos de células T e B em pacientes com Doença de Chagas. Desenho esquemático resumindo as alterações mais importantes nos subconjuntos de células T e B de pacientes em diferentes estágios da Doença de Chagas. Alterações significativas no ECG e no diâmetro do ventrículo esquerdo (acima) e nas subpopulações de células T CD4+ e B encontradas em maior proporçãona Doença de Chagas são representadas em colunas em cada grupo clínico: Assintomático (A), Cardiomiopatia moderada, Cardiomiopatia grave. Controle saudável é mostrado como referência. As subpopulações celulares avaliadas estão representadas com diferentes cores. Linfócitos T CD4+: Naive, Memória semelhante a células-tronco (TSCM), Memória Central (CM em CD45RA+CCR7+), Efetora (CD27- e CD27+), CM, memória residente em tecido (TRM), memória efetora, memória transicional (TSM) e células T auxiliares foliculares (Tfh). Linfócitos B que não sofreram mudança de isotipo: Transicionais, Zona marginal, Naïve, Memória (expressando IgM ou IgD); Linfócitos B que sofreram mudança de isotipo: IgG+ memória ativada (AM) e IgG+ memória atípica (AtyM); IgA+AM e IgA+AtyM; e IgG-IgA-AM e IgG-IgA-AtyM; Plasmócitos. Criado com BioRender.com.
Para informações, acesse o site abaixo:
https://www.frontiersin.org/journals/immunology/articles/10.3389/fimmu.2024.1385850/full




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