Pesquisa aponta que o itaconato pode ser um alvo adjunto para a terapia antimalárica
21 de fevereiro de 2024
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As formas graves da malária estão associadas à inflamação sistêmica e a distúrbios metabólicos, como hipoglicemia. Entretanto, ainda não se compreende totalmente como essas mudanças metabólicas podem influenciar o desenvolvimento da doença.

Em um artigo publicado na revista Cell Metabolism, um grupo de pesquisadores da UMass Chan Medical School (EUA) e colaboradores utilizaram um modelo de malária experimental por Plasmodium chabaudi em camundongos para compreender se o consumo de glicose por tecidos periféricos do hospedeiro contribui para a patologia da doença.

O grupo observou que o consumo exacerbado de glicose no baço de camundongos infectados acontece pela utilização da glicose pelas células dendríticas (CDs) derivadas de monócitos. Estas células se diferenciam no baço pelo estímulo de IFNg, uma citocina que caracteriza a inflamação sistêmica da doença. Quando diferenciadas, o consumo de glicose nas CDs promove a síntese de itaconato, um metabólito mitocondrial anteriormente caracterizado por função regulatória e anti-inflamatória.

“Nas CDs, observamos que o itaconato reduz a capacidade energética da mitocôndria, o que culmina na liberação de ácidos nucleicos (DNA mitocondrial) no citosol. A presença dos ácidos nucleicos no citosol ativa a via de sinalização cGAS-STING, a qual induz expressão de moléculas co-inibitórias, como PD-L1. Uma vez expressa na superfície das CDs, PD-L1 reduz a capacidade microbicida de linfócitos CD8+, o que diminui a resistência do hospedeiro ao Plasmodium. Curiosamente encontramos aumento da síntese de itaconato em plasma e monócitos de humanos com malária sintomática. Portanto, o dano mitocondrial causado pelo acúmulo de itaconato em CDs suprime a imunidade, o que permite a proliferação do parasita e o desenvolvimento da doença. Nosso trabalho demonstra que o itaconato pode ser um alvo adjunto para a terapia antimalárica”, explica Theresa Ramalho primeira autora do estudo.

> O artigo está disponível neste link.

Autores: Teresa Ramalho, Patrícia A. Assis, Ogooluwa Ojelabi, Lin Tan, Brener Carvalho, Luiz Gardinassi, Osvaldo Campos, Filipe L. Lorenzi, Katherine A. Fitzgerald, Cole Haynes, Douglas T. Golenbock, Ricardo T. Gazzinelli.

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