Pesquisa identifica mecanismos imunológicos envolvidos na resposta terapêutica de pacientes com doença falciforme
21 de fevereiro de 2022
COMPARTILHAR Facebook Twiter Google Plus

Um estudo desenvolvido no Centro de Terapia Celular (CEPID-FAPESP), em Ribeirão Preto (SP), avaliou os efeitos a longo prazo do transplante de células-tronco hematopoéticas alogênico (TCTH) na inflamação sistêmica nos pacientes com doença falciforme. Os resultados foram publicados na revista científica Frontiers in Immunology

O TCTH é atualmente a única forma de tratamento capaz de curar pacientes com doença falciforme. Embora o transplante seja bem-sucedido na maioria dos pacientes falciformes, 20% dos indivíduos têm perda secundária do enxerto de células-tronco hematopoiéticas alogênicas. 

O estudo demonstrou que pacientes falciformes que mantiveram a enxertia da medula apresentaram redução da expressão de moléculas de adesão em reticulócitos, diminuição da hemólise e da concentração da endotelina-1, um peptídeo pró-inflamatório e potente vasoconstritor associado às complicações clínicas da doença.

No entanto, os pacientes que tiveram perda do enxerto apresentaram níveis séricos aumentados de IL-15 e IL-18. A IL-18 é uma citocina produzida após a ativação do inflamassoma NLRP3. Os autores sugerem que, nos pacientes que perderam enxerto, ligantes endógenos como heme e ácido úrico podem se associar ao NLRP3 resultando na produção de IL-18, aumento da inflamação crônica e perda do enxerto nesses pacientes. 

“A administração de inibidores farmacológicos do inflamassoma NLRP3 ou imunoterápicos (anti-IL18) poderia diminuir a ativação endotelial e, como consequência, a inflamação sistêmica em pacientes falciformes após o transplante”, explica a pesquisadora Júlia de Azevedo. Segundo os cientistas, estudos futuros abordando o papel da ativação do inflamassoma NLRP3 na perda secundária do enxerto podem ajudar a melhorar os protocolos de TCTH para pacientes falciformes.

 

> O artigo está disponível neste link


Autores: Júlia Teixeira Cottas de Azevedo, Thalita Cristina de Mello Costa, Keli Cristina Lima, Thiago Trovati Maciel, Patrícia Vianna Bonini Palma, Luiz Guilherme Darrigo-Júnior, Carlos Eduardo Setanni Grecco, Ana Beatriz P L Stracieri, Juliana Bernardes Elias, Fabiano Pieroni, Renato Luiz Guerino-Cunha, Ana Cristina Silva Pinto, Gil Cunha De Santis, Dimas Tadeu Covas, Olivier Hermine, Belinda Pinto Simões, Maria Carolina Oliveira, Kelen Cristina Ribeiro Malmegrim.

Usuário
PUBLICADO POR
SBI Comunicação
CATEGORIA DO COLABORADOR
ver todos os artigos desse colunista >
OUTRAS NOTÍCIAS
Linfócitos T CD4+: até que ponto eles nos auxiliam a controlar a doença de Chagas?
SBI Comunicação
17 de abril de 2024
Aspectos recentes da Doença de Chagas e da patogenia e alvos terapêuticos da cardiopatia chagásica crônica
SBI Comunicação
15 de abril de 2024
Como o estresse pode desregular os neutrófilos e agravar o câncer?
SBI Comunicação
25 de março de 2024