Os pacientes sobreviventes a sepse frequentemente apresentam sequelas cardiovasculares e neurológicas, além de uma queda significativa na imunidade que pode se manter por anos após a alta hospitalar. Um grupo de pesquisadores identificou o motivo disso acontecer. O artigo foi publicado na revista Immunity.
Os resultados da pesquisa, coordenada pelo imunologista José Carlos Alves-Filho do Centro de Pesquisa em doenças Inflamatórias (CRID) da FMRP/USP, mostraram que a sepse induz a proliferação de uma subpopulação de linfócitos B (plasmoblastos) que expressa grandes quantidades de CD39 – uma enzima que quebra a molécula de ATP e libera adenosina na circulação. Esse aumento na concentração circulante de adenosina, por sua vez, reduz a atividade dos macrófagos, que são células de defesa responsáveis por fagocitar bactérias, fungos e outras potenciais ameaças ao organismo.
O estudo demonstrou que a adenosina tem um papel central no desenvolvimento da imunossupressão pós-sepse e identificou qual célula é a fonte dessa ‘adenosina extra’ encontrada no sangue de animais e de pacientes sépticos.
“Todas as células do sistema imune expressam CD39 em níveis variados. Mas, observamos que tem uma subclasse de linfócitos B, denominada plasmoblasto, que produz grandes quantidades dessa enzima. Nós identificamos que esses plasmoblastos se proliferam muito após a sepse e sofrem uma reprogramação metabólica. Passam a consumir mais glicose e, consequentemente, a produzir mais ATP. Ao mesmo tempo, expressam grandes quantidades da enzima [CD39] que faz a hidrólise do ATP e libera adenosina. É como se os soldados se tornassem capazes de produzir a própria munição”, explicou o imunologista em entrevista à Agência Fapesp.
Saiba mais sobre o estudo na matéria publicada pela Agência Fapesp: https://bit.ly/2WNIeqF
O artigo está disponível no link: https://bit.ly/2VatTEp
Autores: Daniele Carvalho Nascimento, Paula Ramos Viacava, Raphael GomesFerreira, Marina Alves Damaceno, Annie Rocío Piñeros, Paulo Henrique Melo, Paula BarbimDonate, Juliana Escher Toller-Kawahisa, Daniel Zoppi, Flávio Protásio Veras, Raphael SanchesPeres, Luísa Menezes-Silva, Diego Caetité, Antonio Edson Rocha Oliveira, Ícaro Maia Santos Castro, Gilles Kauffenstein, Helder Imoto Nakaya, Marcos Carvalho Borges, Dario Simões Zamboni, Denise Morais Fonseca, Jonas Augusto Rizzato Paschoal, Thiago Mattar Cunha, Valerie Quesniaux, Joel Linden, Fernando Queíroz Cunha, Bernhard Ryffel and José Carlos Alves-Filho.
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