Em 1907, o médico e pesquisador brasileiro Carlos Chagas foi enviado a Minas Gerais para combater a malária. Instalado em um laboratório improvisado dentro de um vagão de trem, ele conduziu estudos sobre parasitas e vetores de doenças tropicais, o que o levou a uma das descobertas mais importantes da medicina.

Durante suas pesquisas, Chagas identificou um protozoário em um sagui (Trypanosoma minasense), semelhante a outro agente infeccioso já conhecido, o Trypanosoma brucei, causador da doença do sono na África. Esse achado despertou seu interesse pelo estudo de parasitas transmitidos por insetos. Foi então apresentado a um percevejo hematófago comum na região, popularmente chamado de “barbeiro” (Triatoma infestans).

Ao analisar o intestino do inseto, Chagas identificou a presença de um novo protozoário, que nomeou Trypanosoma cruzi, em homenagem a Oswaldo Cruz. Para entender a relação entre o parasita e possíveis infecções humanas, ele realizou estudos em moradores da região de Lassance, no norte de Minas Gerais.

Foi assim que, em 14 de abril de 1909, Chagas detectou a presença do Trypanosoma cruzi no sangue de uma criança febril de dois anos, Berenice Soares de Moura. Com isso, ele descreveu uma nova doença humana, hoje conhecida como Doença de Chagas, e conseguiu demonstrar todo o ciclo da enfermidade: do agente causador ao vetor e às manifestações clínicas.

Sua descoberta foi um marco na medicina tropical e continua a ter impacto significativo na pesquisa científica, contribuindo para o avanço no diagnóstico, prevenção e tratamento da doença.