Ana Maria Caetano de Faria é escolhida para o SBI Women in Science Award 2019
31 de agosto de 2019
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No poema “Poeta”, publicado em 2007, Ana Maria Caetano de Faria diz: “já sonhei todos os delírios para merecer o título”. Agora, suas realizações como cientista lhe garantem outro mérito: ela é a vencedora deste ano do SBI Women in Science Award, concedido pela entidade a mulheres de destacada atuação na imunologia brasileira.
Professora de Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desde 1995, a vencedora do SBI Women in Science Award deste ano é uma mulher de grandes questionamentos – como convém aos cientistas, mas também aos poetas. Formada em Medicina pela UFMG, dedicou sua vida à pesquisa e nunca chegou a clinicar. Já na faculdade, interessou-se pelas questões que a medicina ainda não havia respondido, e mergulhou no universo em muito inexplorado da imunologia.
Logo após concluir a graduação, iniciou seu mestrado em Microbiologia, também na UFMG, emendando doutorado em Imunologia na Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutorado na Harvard Medical School, nos Estados Unidos. Tornou-se professora titular do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, no Departamento de Pós-graduação em Bioquímica e Imunologia, e desenvolve pesquisa em sua área de formação, com foco em imunologia de mucosas, imunologia da nutrição, tolerância oral e imunobiologia do envelhecimento.
“A imunologia tradicionalmente tem construído seu conhecido em torno da investigação de doenças infecciosas e da resposta do sistema imune contra agentes estranhos. Nós investigamos as atividades das células imunológicas em situações naturais, fisiológicas, onde não existe doença: os eventos naturais relacionados ao sistema imune”, explica. Como exemplos, a pesquisadora cita os impactos da dieta e como o envelhecimento, que transforma todo o organismo, repercute no sistema imune.
Para a pesquisadora, a premiação é um reconhecimento das dificuldades pelas quais todas as mulheres passam para se destacar na ciência. “Apesar de sermos responsáveis por grande parte da produção científica, ainda há muito a ser superado para que as mulheres ocupem lugares de maior destaque na comunidade acadêmica. Sinto-me honrada, mas há muitas outras conciliando a carreira com a maternidade, a administração da casa, o cuidado com a família, ainda em muito delegado à mulher”, afirma.
Em paralelo à ciência, Ana Caetano também faz e vive poesia. “A entrada no universo poético foi via movimento estudantil, dentro da universidade, onde conversávamos sobre autores e livros e fazíamos uma poesia coletiva, incorporando elementos do cotidiano, como a política, o humor e o amor”, conta. A ciência e a poesia ocupam lugares distintos em sua vida, diz a pesquisadora e artista. “Não queria ser a melhor poeta entre os imunologistas e a melhor imunologista entre os poetas.”
 

 
Publicou os livros de poemas “Levianas” (1984), “Babel” (1994) e Quatorze (1997). Participou da coordenação dos projetos Temporada de Poesia (1994), em comemoração aos 100 anos de Belo Horizonte; Poesia Orbital (1997), coleção de livros de 60 poetas da capital mineira; e do disco Cacograma (2001). Foi coeditora da revista Fahrenheit 451 e do jornal de poesia Dez Faces (2007-2008). Participa como colaboradora do jornal de poesia Inferno (1998) e do jornal cultural Letras do Café (2008).
O SBI Women in Science Award será entregue durante o Immuno 2019, congresso anual da SBI, entre 29 de setembro e 2 de outubro, em Florianópolis (SC). Mais informações no site oficial do evento: sbicongressos.com/immuno2019/awards/women-in-science-award.

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