A Sociedade Brasileira de Imunologia lamenta a morte do professor Dr. Zilton de Araújo Andrade (96 anos), ocorrida nesta quarta-feira, 22 de julho. Pela manhã, o professor deu entrada na emergência do Hospital da Bahia em quadro de choque hipovolêmico por HDA, que evoluiu para parada cardio respiratória, vindo à óbito.
O médico e pesquisador, foi responsável pela formação de um grupo seleto de imunologistas que tiveram papel fundamental no desenvolvimento da SBI. Além disso, a sua descoberta sobre a regulação da formação do granuloma da esquitosomose iniciou uma área produtiva em imunologia. Isso gerou uma maior compreensão sobre o papel do sistema imune na formação de granulomas, assim como processos alérgicos crônicos.
Professor Zilton era graduado em Medicina pela Universidade Federal da Bahia (1950); residência em patologia pela Tulane University School of Medicine (EUA, 1953); doutorado em patologia pela Universidade de São Paulo (1956); livre docência pela UFBA (1959); Post-Doctoral Research Fellow pelo Mount Sinai Hospital (EUA, 1961). Seus principais interesses em pesquisa eram relacionados a modelos experimentais de fibrose (esquistossomose murina e fibrose septal associada com infecção por Capillaria hepatica no rato) e cirrose (pelo tratamento com tetracloreto de carbono no rato) hepáticas e à patologia das doenças parasitárias, especialmente Esquistossomose e doença de Chagas.
Segundo informações da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), a qual o médico foi presidente (gestão 1987-1989), ele foi agraciado com as premiações: Prêmio Alfredo Juryzkowsky, concedido pela Academia Nacional de Medicina (1972); Prêmio Nacional de Ciência e Tecnologia (1985); recebeu o Título de Professor Emérito da Faculdade de Medicina da Bahia (1985), e o Título de Membro Honorário Nacional da Academia Nacional de Medicina, Rio de Janeiro (2010). Em 2012, nas comemorações pelos 60 anos do CNPq, foi agraciado com o Título de Pesquisador Emérito do CNPq, e em 2014 com o Prêmio Pesquisador Sênior da SBMT.
A seguir, uma homenagem do pesquisador Manoel Barral (Fiocruz/BA):
“O falecimento hoje do Prof. Zilton Andrade deixa uma lacuna enorme na ciência e não somente na Bahia e no Brasil. Um médico-cientista exemplar em vários sentidos: patologista com grande capacidade diagnóstica, professor de brilhante didática e precursor no uso de metodologias ativas de ensino e na ênfase na transmissão dos conceitos sobre os dados e a memorização, cientista de visão ampla e perguntas muito bem elaboradas e relevantes. Todas estas características reunidas numa só pessoa e exercitadas com muita dedicação e virtuosismo já bastariam para torná-lo merecedor das nossas maiores homenagens e saudades. Lembramos também, como mais uma evidência da enorme visão de futuro que possuía, da contribuição do Professor para a comunicação social da ciência, articulista que foi de jornais em Salvador. Não bastasse tudo isto, o Prof. Zilton foi mais além, serviu de referência e estímulo para que mais de uma geração de jovens médicos trilhassem os caminhos da investigação científica. Criar e liderar uma escola médico-científica que se espraia para além da especialidade médica do seu líder é para poucos, é para os verdadeiramente iluminados. Ao render as últimas homenagens ao Prof. Zilton Andrade devemos renovar os nossos votos de perseguir a excelência científica e maximizar a contribuição social da ciência, ainda que não nos alcance tamanho talento e arte”.
A Sociedade Brasileira de Imunologia presta suas condolências à família.