Alessandra Filardy é reconhecida por trabalho de mentoria com jovens pesquisadores
Três cientistas brasileiros foram agraciados com o Nature Awards for Mentoring in Science, uma premiação realizada pela revista Nature. A imunologista Alessandra D’Almeida Filardy, professora de Imunologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, recebeu o prêmio na categoria mentoria em meio de carreira (mid-career) em conjunto com Waldiceu Aparecido Verri, professor associado da Universidade Estadual de Londrina.
Essa premiação, realizada desde 2005, tem o objetivo de reconhecer os esforços de cientistas na orientação das novas gerações de profissionais. A cada edição, o prêmio é focado em uma região ou país, e em 2021 foi a vez do Brasil. Também foi reconhecido o professor Carlos Menck, da Universidade de São Paulo (USP) pelo conjunto de realizações em mentoria.
Membro da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI), Alessandra Filardy é pesquisadora nível 2 do CNPq e Jovem Cientista do Nosso Estado (FAPERJ). É também Professora Adjunta (Departamento de Imunologia) no Instituto de Microbiologia Paulo de Góes (IMPG), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), orientadora permanente do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia e do Programa de Pós-Graduação em Imunologia e Inflamação, e coordenadora das Relações Internacionais do IMPG.
A imunologista comenta sobre a importância deste prêmio, diante de um cenário desafiador que é ser cientista e mulher no Brasil. “Conciliar trabalho e família de maneira equilibrada é um grande desafio, especialmente para as mulheres. E talvez, o ponto mais delicado seja a continuidade da produção científica nos primeiros anos da maternidade. O cortes expressivos do fomento à pesquisa e à concessão de bolsas de pós-graduação e pós-doutorado nos últimos anos também têm desmotivado muito. Mas, apesar das dificuldades e desafios pessoais/profissionais, sempre me dediquei com muito carinho e atenção à formação dos meus alunos, e acredito que esse prêmio mostra que estou no caminho certo”, explica Filardy.
Filardy chefia o Laboratório de Imunologia Celular (IMPG/UFRJ), onde desenvolve projetos que visam compreender como a fagocitose de células apoptóticas regula o sistema imunológico nas mucosas pulmonares e a composição da microbiota, durante a homeostase e em doenças inflamatórias, infecciosas e câncer.
Kamila Guimarães Pinto, aluna de pós-doutorado no Instituto de Microbiologia Paulo de Góes (IMPG)/UFRJ, ressalta que Alessandra é uma orientadora acessível e zelosa em relação à formação dos seus estudantes. "É extremamente dedicada e zelosa em relação à nossa formação e bem-estar profissional e pessoal. Uma orientadora acessível, bem humorada e cativante. Sempre está disponível para ouvir a nossa opinião/críticas sobre os projetos do laboratório e nossos resultados. Ela promove a integração dos alunos em seus diferentes projetos porque acredita que ciência e conhecimento são gerados em conjunto. Vai para bancada ajudar nos experimentos, valoriza o nosso esforço, nossas diferenças e conquistas, nos fornece todos os insumos necessários para trabalhar e, quando erramos, entende que o erro faz parte do processo de aprendizagem e nos mostra como aprender com ele. Uma orientadora ímpar!", comenta.
E os impactos da mentoria da imunologista vão além das experiências profissionais, como comenta a sua aluna Antonia Ferreira, da Universidade de Berna (Suiça). “Gosto sempre de dizer que trabalhar com a Professora Alessandra Filardy é acalentador para a saúde mental, além de todos os privilégios científicos de estar ao lado dela. Ela com certeza é um espelho para a minha vida pessoal e profissional. Ela enxerga e explora positivamente as qualidades de seus alunos e lapida as características não tão boas, nunca se esquecendo que por trás do aluno/cientista existe um ser humano que passa por dias bons e ruins. Sempre com coerência, paciência e muito background científico ela conduz seu time e seus projetos de pesquisa com maestria. Posso dizer por mim e por outros alunos com quem tive contato que o caminho de sucesso da Professora Alessandra está só começando”, afirma.
Para Alessandra, a mentoria é a atividade mais relevante na pesquisa científica, pois a formação de jovens pesquisadores está diretamente relacionada com a qualidade e impacto da ciência que se faz no dia a dia e com o futuro da ciência em geral. “Meu estilo de mentoria é baseado na orientação com respeito e empatia, focando no reconhecimento e fortalecimento de características positivas, além de auxiliá-los a superar suas limitações. Discutimos o valor da resiliência e da persistência diante dos desafios para que possam se desenvolver como pesquisadores confiantes, criativos, com senso crítico e colaborativos. Quando necessário, compartilho minhas próprias falhas para ajudá-los a compreender que aprender com os erros é essencial para avançar. Também discutimos sobre objetivos de carreira, que inclui a academia e outras possibilidades, e quais estratégias seguir para alcançá-los, incluindo o estabelecimento de uma rede profissional com cientistas brasileiros e estrangeiros”, comenta.
E qual seria o segredo para inspirar e motivar jovens pesquisadores através da mentoria? A imunologista acredita que uma relação com base no respeito e empatia pode ser a chave para esse sucesso. “Perceber e incentivar as qualidades e respeitar as limitações de cada um também é fundamental. Enfim, manter o fogo sagrado da ciência aceso dentro de cada um dos jovens pesquisadores é essencial para termos um futuro de pesquisadores éticos, motivados, dedicados e felizes na caminhada difícil, mas prazerosa da ciência”, conclui Filardy.
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