A detecção fúngica via dectina-1 direciona a polarização não patogênica das células T helper 17 por meio de respostas equilibradas de IFN tipo I produzido por células dendríticas humanas
21 de junho de 2023
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Autoras: Núbia Sabrina Martins e Sara Cândida Barbosa

Editor: Ademilson Panunto Castelo

Seminário apresentado junto ao Curso de Pós-Graduação em Imunologia Básica e Aplicada USP/RP

Referência: GRINGHUIS, Sonja I. et al. Fungal sensing by dectin-1 directs the non-pathogenic polarization of TH17 cells through balanced type I IFN responses in human DCs. Nat immunol, v.23, p.1735-1748, 2022. DOI: 10.1038/s41590-022-01348-2.

 

As interações entre patógenos e células dendríticas (DCs) ditam a diferenciação de diferentes perfis de linfócitos T helper (Th). A literatura científica mostra que respostas antifúngicas estão associadas com a polarização de células Th em Th1 e Th17 por meio da sinalização da dectina-1, a qual é um receptor de reconhecimento de padrões (PRR) expresso por DCs que reconhece β-glucana presente na parede celular dos fungos. Curiosamente, no processo de diferenciação das células Th17 pode ocorrer a indução de fenótipos funcionais patogênicos ou não patogênicos de acordo com os estímulos do microambiente e fatores genéticos. No entanto, não está claro se os PRRs expressos por DCs podem instruir as respostas imunológicas do padrão Th17 para a indução de um fenótipo específico. O objetivo deste estudo foi investigar os mecanismos envolvidos na polarização de células Th17 não patogênicas em infecções fúngicas.

Neste trabalho, os autores observaram que a estimulação de dectina-1 em DCs derivadas de monócitos humanos induz a produção de IFN-β, uma citocina que apresenta função clássica na resposta imunitária contra vírus. No entanto, o papel do IFN-β em infecções fúngicas não é totalmente compreendido. A produção de IFN-β é induzida após a ligação de componentes da parede celular fúngica à dectina-1, que atua pela via de sinalização Syk-CARD9, induzindo a translocação do fator de transcrição IRF5 para o núcleo, onde este promove a transcrição do gene do IFN-β. O IFN-β produzido pelas DCs é responsável por promover a diferenciação de células Th17 com um perfil não patogênico, ou seja, produzem IL-17 e expressam genes relacionados a um perfil anti-inflamatório (Il10, c-Maf e Ptgds), porém, não produzem IFN-γ. Intrigante é que tanto a ausência quanto o excesso de IFN-β promovem a diferenciação de células Th17 patogênicas, caracterizadas pela produção de IL-17 e IFN-γ, e pela expressão de genes inflamatórios (Ifng, Tbx21, Il1r1 e Cxcr3), evidenciando assim que é necessário um balanço da produção de IFN-β para que se observe um efeito regulador e benéfico frente à polarização de células Th17. 

Investigando mais a fundo como o IFN-β induzido pela dectina-1 interfere no fenótipo de células Th17, os autores mostraram que o IFN-β ativa a transcrição do gene da integrina-β8 (Itgb8), uma molécula de adesão que atua no processo de ativação do TGF-β, citocina esta importante na diferenciação de células Th17 não patogênicas. Evidenciando a importância do balanço da produção de IFN-β pelas DCs, os autores demonstraram que o excesso de IFN-β induz a transcrição de BST2, uma molécula responsável pelo bloqueio da MMP14, uma enzima que cliva o TGF-β inativo em TGF-β ativo. Com isso, conclui-se que a dectina-1 leva a produção de IFN-β que, por sua vez, induz a produção de TGF-β por DCs, regulando a diferenciação de células Th17 produtoras de IL-17, responsáveis por promover a resolução de infecções fúngicas com pouco efeitos imunopatogênicos.

 

Figura 1: A ativação da dectina-1 por componentes fúngicos em DC promovem a polarização de linfócitos Th17 não patogênicos. O reconhecimento da β-glucana pela dectina-1 promove ativação de vias intracelulares responsáveis pela expressão gênica de IFN-β, resultando em aumento da expressão gênica da cadeira β da integrina αvβ8 (ITGB8) e de BST2 que, conjuntamente, promovem ativação do TGF-β via MMP14, resultando na polarização de células Th17 não patogênicas.

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SBI Comunicação
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