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RESUMO
O ano de 2020 trouxe uma nova pandemia que tem assolado países e ceifado vidas humanas. Dentre tantas especulações e notícias divulgadas, diariamente, sobre a COVID-19 (do inglês Coronavirus Disease - 2019), doença causada pelo vírus SARS-CoV-2 (do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome – Coronavirus-2), o que se pode dizer sobre a busca de uma vacina? É seguro descartar a possibilidade de reinfecção? A “imunidade de rebanho” é uma estratégia cientificamente defensável? A compreensão de como o organismo humano responde ao vírus é um bom ponto de partida para a busca de respostas para essas perguntas.
Desde o final de 2019 – quando os primeiros casos de COVID-19 foram notificados na China – o vírus SARS-CoV-2 já atingiu cerca de 200 países, infectando aproximadamente 12 milhões de pessoas e deixando mais de 550 mil mortos. De fato, a situação tem se tornado mais grave com a disseminação da enfermidade para países fora da Ásia, com envolvimento da Europa – e depois das Américas, da África e da Oceania –, tomando proporções devastadoras, especialmente nas regiões mais pobres e com grandes desigualdades sociais.
Embora esse não seja o primeiro surto causado por um coronavírus (CoV) em humanos – vide a Síndrome Respiratória Aguda Grave (que aconteceu na China, causada pelo SARS-CoV, em 2002) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (na Arábia Saudita, causada pelo MERS-CoV em 2012) – esse, definitivamente, é o mais grave até o momento. Diversos países foram surpreendidos pela velocidade do avanço da doença e pela ausência de abordagens disponíveis para a imunização e tratamento da população. Algumas nações, como a Grã Bretanha, considerando o que foi observado na China – cerca de 80% de casos brandos ou moderados –, propuseram uma menor intervenção em termos de controle da pandemia, para que houvesse a disseminação da doença na população, até que um grande número de pessoas se tornassem imunes e o ciclo de contágio se encerrasse. Essa estratégia é denominada “imunidade de rebanho” (ou “imunidade de grupo”). Para além das sérias restrições éticas, há inúmeros questionamentos científicos sobre a validade de tal abordagem. De fato, para que fosse alcançada a referida “imunidade de rebanho” – considerando-se que a COVID-19 confere imunidade duradoura, o que ainda não é consenso entre os especialistas – seria necessário um número grande de adoecimentos. Uma vez que 20% das pessoas infectadas pelo vírus necessitam de hospitalização – algumas das quais em unidades de terapia intensiva, inclusive –, tal situação levaria à falência do sistema de saúde: ou seja, haveria um número de pessoas com doença grave muito superior à capacidade de atendimento dos serviços de saúde, públicos ou privados. As consequências são claras: a ocorrência de numerosas mortes, situação injustificável em termos de uma sociedade ética e civilizada.
Essa e outras questões – como o desenvolvimento de vacinas e o uso de anticorpos na terapêutica da COVID-19 – dependem de um amplo conhecimento da imunidade ao SARS-CoV-2, conforme abordado a seguir.
AUTORES
Jéssica Duarte da Silva - Laboratório de Imunovirologia Molecular da Universidade Federal de Viçosa
Andréia Patrícia Gomes - Laboratório de Agentes Patogênicos da Universidade Federal de Viçosa
Sérgio Oliveira de Paula - Laboratório de Imunovirologia Molecular da Universidade Federal de Viçosa
Marli do Carmo Cupertino - Escola de Medicina da Faculdade Dinâmica do Vale do Piranga
Roberto Sousa Dias - Laboratório de Imunovirologia Molecular da Universidade Federal de Viçosa
Rodrigo Siqueira-Batista - Laboratório de Agentes Patogênicos da Universidade Federal de Viçosa e Escola de Medicina da Faculdade Dinâmica do Vale do Piranga
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