Inflamassoma e Sistema Nervoso Central
11 de agosto de 2021
COMPARTILHAR Facebook Twiter Google Plus

Bortoluci Lab - Laboratório de Imunologia Molecular

Os inflamassomas são complexos proteicos importantíssimos para a imunidade inata e vem sendo estudados principalmente em células da linhagem mielóide. Portanto, a maior parte da literatura atual dos inflamassomas relacionada ao Sistema Nervoso Central (SNC) refere-se a estudos sobre micróglia, a principal célula imune inata deste compartimento. O inflamassoma NLRP3 foi um dos primeiros da classe a ser estudado no SNC, sendo investigado em doenças como Alzheimer, Parkinson e também na infecção por vírus, como em reposta ao Zika, por exemplo.

Embora a sinalização do inflamassoma no SNC seja estudada principalmente na microglia, a ativação do inflamassoma também já foi observada em outras células residentes do SNC, como os oligodendrócitos, neurônios e astrócitos em diversos modelos. Os astrócitos são as células gliais encontradas em maior quantidade no SNC e desempenham funções vitais para sua fisiologia, como a formação e manutenção da barreira hematoencefálica (BHE) e suporte físico e metabólico aos neurônios. Os astrócitos são capazes de responder a lesões traumáticas, tumores e doenças infecciosas.

O que se sabe é que o inflamassoma está presente e pode ser ativado mediante a diversos estímulos nestas células, podendo desencadear a piroptose, levando a liberação das citocinas IL-1β e IL-18. Essas citocinas têm funções importantes no SNC, e suas sinalizações inflamatórias podem contribuir para lesão neuronal. Portanto, níveis aumentados de IL-1β e IL-18 são frequentemente observados após infecção do SNC, lesão cerebral e doenças neurodegenerativas.

No caso de infecções virais e bacterianas, a ativação dos inflamassomas pode causar danos irreversíveis às células do SNC. Em doenças neurodegenerativas, a ativação do inflamassoma com indução de piroptose, liberação de IL-1β e IL-18, assim como outros mediadores inflamatórios, contribui para a neuroinflamação, perda neuronal e progressão do quadro da doença em questão.

Ainda, estudos recentes apontam o envolvimento dos inflamassomas em Transtornos Neuropsiquiátricos, mas o mecanismo pelo qual isso ocorre ainda necessita mais investigações.

Portanto é necessária uma maior compreensão do equilíbrio entre a ativação benéfica ou prejudicial dos inflamassomas no SNC, considerando que a atividade deste complexo é crítica para a resposta do hospedeiro a agentes patogênicos. Ao estudarmos a ação dos inflamassomas no SNC podemos criar caminhos essenciais para o desenvolvimento de terapias para doenças neuroinflamatórias e neurodegenerativas.

 

A arte e o conteúdo foram produzidos pelo Bortoluci Lab - Laboratório de Imunologia Molecular, coordenado pela vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI), Karina Bortoluci (UNIFESP).

 

 

PUBLICADO POR
SBI Comunicação
Colunista Colaborador
ver todos os artigos desse colunista >
OUTROS SBLOGI
Imunidade antitumoral pode ser potencializada por células dendríticas clássicas do tipo I via STING
SBI Comunicação
24 de abril de 2024
Linfócitos T CD4+: até que ponto eles nos auxiliam a controlar a doença de Chagas?
SBI Comunicação
17 de abril de 2024
Aspectos recentes da Doença de Chagas e da patogenia e alvos terapêuticos da cardiopatia chagásica crônica
SBI Comunicação
15 de abril de 2024