Autores: Cícero Almeida e Juliana Madeira
Editado por Vânia Bonato
Título do artigo: The balance between protective and pathogenic immune responses to pneumonia in the neonatal lung is enforced by gut microbiota
Referência: Stevens J, Steinmeyer S, Bonfield M, Peterson L, Wang T, Gray J, Lewkowich I, Xu Y, Du Y, Guo M, Wynn JL, Zacharias W, Salomonis N, Miller L, Chougnet C, O'Connor DH, Deshmukh H. The balance between protective and pathogenic immune responses to pneumonia in the neonatal lung is enforced by gut microbiota. Sci Transl Med. 2022 Jun 15;14(649):eabl3981. doi: 10.1126/scitranslmed.abl3981. Epub 2022 Jun 15. PMID: 35704600.
Estudos recentes mostram que a microbiota intestinal é importante para o desenvolvimento das respostas imunológicas, digestão de alimentos e até mesmo para a regulação do humor dos seres humanos, principalmente, nos estágios iniciais da vida. Em recém-nascidos, o desenvolvimento da microbiota ocorre a partir das primeiras horas vida. Contudo, alguns fatores podem atrapalhar a formação da microbiota saudável desses indivíduos. Um dos fatores é a exposição aos antibióticos que a mãe está usando durante o parto vaginal, ou o próprio tratamento dos bebês. A consequência disso é que os recém-nascidos podem desenvolver desbalanço na microbiota, um processo descrito como disbiose. Assim, os recém-nascidos com disbiose podem ser mais vulneráveis a infecções, como por exemplo a pneumonia. A pneumonia e outras complicações respiratórias são uma das principais causas de morte em recém-nascidos. Porém, ainda não é bem conhecido como a disbiose pode afetar a resposta imunológica pulmonar dos recém-nascidos.
Pensando nisso, um estudo liderado pelo Prof. Hitesh Deshmukh, desenvolvido no Centro Médico do Hospital Infantil de Cincinnati e pelo Centro Nacional de Pesquisa de Primatas da Califórnia, procurou entender como o tratamento com antibióticos poderia induzir disbiose e afetar a reposta imune no pulmão de recém-nascidos. Um grupo de macacos rhesus recém-nascidos por parto normal foi tratado com antibióticos desde o primeiro dia de vida, e em seguida, foram infectados com Streptococcus pneumoniae. Quando comparados aos animais que não receberam tratamento com antibióticos, os animais tratados e infectados apresentou pior quadro clínico com desenvolvimento de pneumonia grave acompanhado de disbiose. Esses animais também apresentavam maiores sinais de inflamação, como a maior produção citocinas inflamatórias no líquido broncoalveolar e mudanças na expressão gênica e funcionalidade das células imunes na corrente sanguínea e nos pulmões.
Com a utilização de técnicas avançadas de separação de células e expressão gênica, os autores conseguiram identificar diferentes subtipos de neutrófilos e de macrófagos alveolares que possuíam funções hiper-inflamatórias. Foi possível também identificar maior presença de células T CD4+ disfuncionais em estado de exaustão celular, estando esses fatores associados ao pior prognóstico dos macacos recém-nascidos em disbiose. Dessa forma, os pesquisadores conseguiram identificar um tipo de assinatura genética nesses bebês resultante do tratamento com antibióticos, que prevê a suscetibilidade à pneumonia.
Descobertas recentes mostraram que os danos causados pelos antibióticos à microbiota podem ser revertidos suprindo o intestino com bactérias saudáveis por meio de transplante fecal. No presente estudo, foi possível observar melhora clínica dos macacos recém-nascidos pós-transplante. Os transplantes fecais restauraram totalmente as bactérias comensais aos níveis normais de pré-exposição em alguns animais que sofreram danos iniciais por antibióticos, mas apenas parcialmente em outros. Aqueles com microbiota intestinal restaurada e parcialmente restaurada passaram a desenvolver um sistema imune mais forte em seus pulmões e foram mais capazes de resistir a uma infecção que pode causar pneumonia.
Certamente, a administração de antibióticos não pode ser interrompida. Porém, é necessário reconhecer que esses medicamentos podem causar uma mudança na resposta imune dos bebês. Com esses achados, os autores afirmaram que os resultados do presente estudo mostram a importância da microbiota intestinal na coordenação da imunidade pulmonar e apoiam a ideia de que a microbiota intestinal promove o equilíbrio entre as vias de reparo tecidual e as respostas inflamatórias associadas à recuperação clínica da infecção em lactentes.
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