Por: REGIONAL CENTRO-OESTE DA SBI -
Anamélia Lorenzetti Bocca - Universidade de Brasília - DF (UnB) e
Simone Gonçalves da Fonseca - Universidade Federal de Goiás (UFG)
No dia 11 de março de 2020, a organização Mundial de Saúde (OMIS) elevou a classificação da nova virose causada por um coronavírus, de epidemia para pandemia devido a sua rápida disseminação pelo mundo. Junto com esta notícia, surgiram muitas dúvidas e entre elas, se tínhamos tratamento disponível e vacina para a COVID-19. Passado mais de dois anos, apesar do cenário atual positivo, ainda não temos o tratamento e a vacina ideal para o enfrentamento da doença.
A pandemia nos fez lembrar da importância do desenvolvimento de vacinas, desde o primeiro relato publicado por Edward Jenner, em 1798. A vacina da varíola permitiu a erradicação do vírus do mundo a partir de 1977. No Brasil, o combate à varíola está intrinsicamente associado ao nome do médico infectologista Oswaldo Cruz, que promoveu a obrigatoriedade da vacinação em massa da população, causando, no primeiro momento, o movimento antivacinas conhecido como a Revolta da Vacina. No entanto, com o surgimento de um novo surto anos depois, a população, de forma espontânea, aderiu ao processo de vacinação, o que fez com que a doença fosse erradicada a partir de 1971 no Brasil.
Desde o descobrimento da primeira vacina, diversas outras foram desenvolvidas e são responsáveis pela queda da mortalidade de diversas doenças infecciosas no mundo e no Brasil. O Brasil possui um dos melhores sistema de imunização da população, realizado de forma gratuita desde 1973, pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). O PNI é responsável pela distribuição das vacinas, campanhas de conscientização da população sobre a importância das vacinas, treinamento dos profissionais do programa e estudos epidemiológicos para o lançamento das campanhas de vacinação. Como resultado da implementação desta companha está a extinção da poliomielite e o controle de diversas outras doenças como sarampo, rubéola, tétano, catapora, entre outras. As vacinas foram fundamentais para a queda da mortalidade infantil no nosso País, e, de tão importantes, foram incluídas como um direito no Estatuto da Criança e do Adolescente, desde 1990. As vacinas cumpriram tão bem o seu papel que as pessoas mais jovens desconhecem a ocorrência de surtos recorrentes de algumas doenças e como consequência, desde 2018, os índices de vacinação estão muito abaixo do que os necessários para a proteção da população alvo.
No entanto, a pandemia nos fez lembrar da importância do desenvolvimento continuado de vacinas, com financiamento consistente na área, independentemente de estarmos no meio de uma epidemia ou não. A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) teve seu primeiro surto registrado em 2003 e desde então, diferentes plataformas estavam em desenvolvimento pelos principais países produtores de vacinas. As tecnologias foram aprimoradas em 2012, com uma segunda pandemia de coronavírus causando a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS). Apesar das plataformas terem sido desenvolvidas, a vacinação em massa não foi necessária em nenhum dos casos, uma vez que as epidemias terminaram antes da disponibilização dos imunizantes. Com o surgimento do SARS-CoV-2 em 2020, as tecnologias já haviam sido desenvolvidas e foi necessário apenas a adequação das plataformas para a proteína de interesse. A imunização em massa da população foi responsável pela drástica redução de casos, principalmente os mais graves, e redução da mortalidade da doença.
Apesar dos resultados positivos da vacinação nesta pandemia, não é momento de relaxar e pensar que a vida voltou ao normal. Por se tratar de um vírus com uma alta taxa de mutação, o acompanhamento das variantes do vírus, bem como a resposta da população ao processo de vacinação deve ser constante. Assim como o desenvolvimento de novas plataformas de vacinas que podem induzir uma resposta protetora mais efetiva, com redução de doses de reforço. O Brasil faz parte deste processo de desenvolvimento de tecnologias para as vacinas anti- COVID-19. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação criou um comitê com especialistas na área, universidade, governo e agências de fomento para criar estratégias de enfrentamento de viroses emergentes. Dentre as linhas temáticas, está o desenvolvimento de vacinas. Até o momento, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) já aprovou o início dos ensaios clínicos de duas vacinas brasileiras, a Butanvac e SpINTec, cujos estudos estão sendo desenvolvidos pelo Instituto Butantan e Universidade Federal de Minas Gerais, respectivamente. Outras vacinas estão em fase de aprovação desta agência para o início dos ensaios clínicos
Quando olhamos o curso das infecções virais no século passado e como foi possível conter a mortalidade da COVID-19, fica claro que o desenvolvimento das vacinas foi um ponto de grande avanço na saúde pública, e que precisa ser constantemente investida para conter as doenças emergentes e re-emergentes.
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