Immuno 2019 começa com manifesto em defesa da ciência brasileira
30 de setembro de 2019
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O 44o Congresso da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) teve início na noite de ontem (29), em Florianópolis, e reunirá mais de 700 participantes até o dia 2 de outubro, entre imunologistas e estudantes e pesquisadores de áreas afins. Antes de abrir oficialmente a programação científica do evento, cujo tema são os avanços e as possibilidades da imunoterapia, o presidente da comissão organizadora, João Viola, chamou a atenção para os riscos que o Brasil corre de subaproveitar os potenciais desse e de outros campos da ciência por conta dos recentes cortes de verbas para pesquisas e do que classificou como “a destruição de um caminho que foi construído com grande esforço pela comunidade científica brasileira, por instituições de pesquisa, organizações políticas e, principalmente, pela sociedade”.
Pesquisador titular do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e ex-presidente da SBI (2014-2015), Viola se dirigiu especialmente aos jovens pesquisadores brasileiros presentes e aos cientistas estrangeiros convidados ao defender que todos sigam acreditando na pesquisa nacional e lutem por ela. “É hora de defender aquilo em que acreditamos, lutar por nossas ideias, ter um país que olhe para o futuro e tenha a ciência como um de seus pilares para o desenvolvimento humano. Os cortes atuais no financiamento da educação e na ciência e tecnologia brasileiras são dramáticos. Se mantidos, a educação e a ciência serão destruídas, algo sem precedentes em nossa história. Nossas instituições de pesquisa estão sendo silenciadas, nossas universidades estão sendo desmanteladas, nossos cientistas estão sendo empurrados para o exterior, nossos estudantes não têm perspectivas de seguir suas carreiras, nossa visão crítica está sob vigilância.”
Assista ao discurso no canal da SBI no YouTube (em inglês) e leia sua íntegra (em português).
 

 

Mulheres na ciência

A cerimônia de abertura seguiu com a entrega do SBI Women in Science Award a Ana Maria Caetano de Faria, professora de Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Concedido pela entidade a mulheres de destacada atuação na imunologia brasileira, a premiação foi recebida pela cientista como um incentivo para que mais mulheres alcancem postos mais elevados na pesquisa e na gestão científicas.
“Espero que as jovens mulheres cientistas que estão aqui, em todo o país e ao redor do mundo possam superar os obstáculos que ainda se colocam diante do seu caminho de desenvolvimento profissional”, disse em seu discurso de agradecimento. Como João Viola, Ana Maria Caetano de Faria também falou do momento atual da política científica brasileira. “Neste cenário em particular isso parece ser uma expectativa muito alta, os cortes são sem precedentes e injustificáveis e comprometem o futuro da nação. Receber uma homenagem como essa se torna ainda mais especial em meio aos absurdos que vivemos.”
Saiba mais da ganhadora do SBI Women in Science Award.
Conferência de abertura
O imunologista chinês Lieping Chen, da Yale School of Medicine, dos Estados Unidos, conduziu a conferência de abertura falando sobre como o microambiente tumoral pode ser alvo da imunoterapia.
Chen estuda a comunicação de células imunes por meio de interações proteína-proteína da superfície celular e faz pesquisa translacional para tratar enfermidades como câncer, doenças autoimunes e infecções. Em 1992, ele mostrou a primeira prova de conceito de moléculas da família B7-CD28 como candidatas a alvos da imunoterapia contra o câncer, o que depois foi objeto de pesquisas para tratamentos oncológicos.
Saiba mais sobre a programação do Immuno 2019 no site oficial do evento e acompanhe a cobertura dia a dia nas redes sociais da SBI: no Instagram, no Twitter e no Facebook.

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